Não. A vacina da gripe não protege contra o COVID-19.
Então, por que devo me vacinar?
Ao se vacinar, você estará evitando problemas respiratórios que podem ser graves e muito semelhantes aos causados pelo coronavírus, além de evitar os sintomas comuns como febre, tosse e dores no corpo.
A vacina da gripe é trivalente, ou seja, imuniza contra três tipos de vírus: H1N1, H3N2 e Influenza B. Sua composição é atualizada e recomendada anualmente pela OMS (Organização Mundial da Saúde), baseada em informações sobre a prevalência dos vírus circulantes. Assim, a cada ano, a vacina da gripe muda, para proteger contra os tipos mais comuns do vírus naquela época.
A preocupação central é com o novo coronavírus, mas devemos nos manter atentos também aos sintomas do H1N1, que podem provocar problemas leves, mas também mais severos, inclusive levar a óbito alguns pacientes, como ocorrido em 2019, quando 796 pessoas morreram em decorrência da doença no Brasil.
Campanha nacional de vacinação contra a gripe 2020
De olho no cenário, a campanha nacional de vacinação contra a gripe de 2020 foi adiantada em um mês e teve início no dia 23 de março. Antes, a proposta original era iniciar toda operação na segunda quinzena de abril. Porém, de acordo com o Ministério da Saúde, para proteção da população, a campanha foi antecipada, pois a vacina deixa o sistema imunológico 80% protegido contra cepas do vírus influenza, milhares de vezes mais comuns do que o coronavírus.
Neste ano, o objetivo é imunizar no mínimo 67 milhões de brasileiros, inclusive adultos de 55 a 59 anos, que também poderão receber uma dose gratuitamente nas Unidades de Saúde Pública.
Tão importante quanto as recomendações de isolamento social, a circunstância atual reforça a necessidade em manter o calendário de vacinas em dia, por conta da gripe mas também de outras doenças como o sarampo, por exemplo.
A campanha de vacinação que iniciou-se no final do mês de março com o principal foco, a princípio em idosos a partir de 60 anos e os trabalhadores da área da saúde. Após o dia 16 de abril, professores de escolas públicas e privadas, doentes crônicos e profissionais das forças de segurança e salvamento também são incluídos.
O Dia D da campanha será em 9 de maio, e a partir de então, crianças de 6 meses a 6 anos incompletos (5 anos, 11 meses e 29 dias), grávidas, puérperas (mulheres que tiveram um filho nos últimos 45 dias), adultos com 55 a 59 anos, povos indígenas, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos, que estão sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional também poderão ser vacinados. O restante da população, que não está inserida nos grupos prioritários, pode ser vacinado em clínicas privadas.
Outras doenças também são preocupantes
Engana-se quem pensa que o coronavírus é a única doença que preocupa a todos nesse momento. No Brasil, embora assuntos ligados à pandemia tenham amortizado o noticiário sobre outras doenças, nossa sociedade está exposta, caso haja descuido, a uma epidemia de dengue, que só neste ano já matou 148 pessoas. Não à toa, a secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, tem reforçado o pedido para que a população fique atenta e aproveite o momento de isolamento para eliminar possíveis focos do mosquito.
Portanto, vivemos um cenário suscetível a vários males, e precisamos estar alertas à quaisquer sintomas, além de tentarmos nos proteger ao máximo, levando a sério tanto as campanhas de vacinação, quanto as medidas de distanciamento social para combatermos a COVID-19, como também eliminarmos possível focos de proliferação do mosquito causador da dengue. É um momento de atenção e solidariedade, porque apenas juntos, e respeitando o direito e também as necessidades de todos, conseguiremos enfrentar a situação em sua completa amplitude.
Por Dr. Marcos Antônio Cyrillo, diretor clínico e infectologista do Hospital IGESP.